Nova Série – 10
Autor – Professor Leonides Alves Filho
Data – 15/04/2025 – Terça-feira
A política protecionista imposta pelo presidente Donald Trump não pode ser compreendida como um elemento surpresa, porque o Presidente, em sua campanha, afirmava sua decisão de alterar as tarifas de importação, objetivando fomentar a industrialização dentro do seu país, trazendo de volta, indústrias americanas que se localizaram fora dos Estados Unidos. Inicialmente, foram aumentados em 25% os impostos para importação de aço, alumínio e carros, inclusive os procedentes do México e Canadá, que têm acordos com os Estados Unidos, por integrarem, regionalmente, a América do Norte. Foi o primeiro passo para deixar evidente que o presidente estava adotando uma estratégia impactante, com intervenções de curto prazo, sem preocupações com a desorganização dos países atingidos. Não se pretende analisar, em um primeiro momento, o que fazer, mas o como fazer, ou seja, a estratégia adotada de forma “espasmódica”, sem critérios aparentes, gerando perplexidade e, o pior, em seguida, editou ato aumentando as tarifas de importação de mais de 50 países dentre os quais, cita-se: Vietnã 46%, China 34%, Suíça 31%, Índia 26%, Japão 24% e União Europeia 20%, sendo importante destacar, que 21 países tiveram suas taxas alteradas, dentre os quais, o Brasil, com a incidência de um aumento de 10%.
O Presidente Trump, em sua narrativa, afirma que está adotando o Princípio da Reciprocidade, numa tentativa de criar condições para reduzir os déficits americanos. A China adotou uma estratégia de retaliação e aumentou suas tarifas de importação para produtos oriundos dos Estados Unidos, também, em 34% e os dois países foram aumentando, os Estados Unidos cobra 145 e a China 125%. Atualmente torna-se importante destacar que sua reserva internacional da China é de “3 trilhões e 300 bilhões de dólares” e o saldo da balança comercial entre a China e os Estados Unidos oscila em torno de 1 trilhão de dólares em favor da China. Para se ter um elemento comparativo, basta afirmar que o Brasil, que possui uma reserva internacional em dólares de 344 bilhões, sendo considerado uma excelente reserva, face o reduzido saldo de inúmeros países.
O Presidente, conceitualmente, pode até utilizar o Princípio da Reciprocidade para justificar sua política radical, destrutiva e desorganizativa da economia internacional, gerando inflação e desemprego, numa estratégia inaceitável, considerando os procedimentos adotados, representados, principalmente, por decisões unilaterais, sem considerar as limitações e as dificuldades mundiais.
OS IMPACTOS NO BRASIL
O primeiro impacto foi de perplexidade, deixando autoridades e especialistas, bem como empresários, atônicos, sem saber como proceder em uma situação de caos. O primeiro impacto, com base emocional, foi adotar retaliações, ou seja, estipular tarifas equivalentes às que passaram a ser cobradas. A diplomacia brasileira sempre competente e cautelosa, induziu as autoridades governamentais, a adotarem a estratégia de cautela e não retaliação, baseada na busca de identificar mecanismos de negociação, o que foi de certa forma conseguido, porque a taxa de 10% para o Brasil foi até diminuída, face às perspectivas de aumento que eram bem superiores.
O Vice-Presidente da República, exercendo também o cargo de Ministro da Indústria e Comércio, apressou-se em adotar uma postura de negociador, mantendo entendimento com autoridades de alto nível dos Estados Unidos e da China.
O estranho na posição brasileira é que deveria ser instalado um Gabinete de Crise, sob a coordenação do Ministério do Planejamento, objetivando identificar soluções internas, econômicas e sociais que permitissem aos empresários superarem as dificuldades que se apresentavam sobre a forma de caos. O quadro foi se agravando, as bolsas caíram, o dólar subia e descia desordenadamente, os empresários não sabiam para onde ir, os juros futuros subiram enormemente e o Governo assisti tudo isso sem demonstrar uma ação efetiva de coordenação. Aliás, essa ação conjunta e harmoniosa para identificar os mecanismos para superação das dificuldades ainda não foram tratados de maneira técnica e política, para ir ao encontro da produção agropecuária, industrial e atuação sem estratégia articulada de serviços do País.
SOLUÇÕES ALTERNATIVAS
O Ministério do Planejamento precisa se manifestar, assumindo o controle para identificação de possíveis ações que possam ir ao encontro das classes produtoras do País, tanto de curto, como médio e até longo prazo. No curto prazo, medidas como: Redução de Impostos internamente para assegurar a produção e a competitividade; créditos subsidiados com caráter de urgência para suprir as necessidades de investimentos e os compromissos da área empresarial, inclusive agricultura, indústrias e os serviços, condição essencial para manter os empregos e a renda mínima da população; estudos imediatos, pelo Banco Central, numa tentativa de caráter emergencial, visando diminuir a subida de juros atuais e futuros, enquanto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujo Presidente, já se manifestou incisivamente, no sentido de se antecipar, objetivando financiamentos que aumentem a produtividade, visando compensar a alta do imposto de importação americana, devendo também ser incluído no grupo, o Banco do Brasil; Banco do Nordeste e Banco da Amazonas.
No médio prazo, pesquisas precisam ser realizadas para identificar o aumento de prováveis fluxos de exportação dos países diretamente atingidos, pelos aumentos das tarifas americanas, para o Brasil, bem como, identificação de mercados alternativos para absorção dos produtos brasileiros, que deixarão de ser vendidos para os Estados Unidos. A decisão de partir para uma ação coordenada do Governo, de curto e médio prazo é fundamental para enfrentar racionalmente as dificuldades que tendem a acontecer pelas medidas unilaterais dos Estados Unidos.
Infelizmente, meus amigos, temos de registar que essa ação conjunta inexiste e o País continua pensando em adotar soluções isoladas, quepor definição geram contradições e conflitos que não permitem a restruturação das linhas políticas de fomento ao desenvolvimento. Acorda Brasil, pisa firme na realidade, porque esse País já superou problemas aparentemente intransponíveis e tem todas as condições para superar com seus próprios recursos os devaneios do Presidente Donald Trump.
Leia sobre o mesmo assunto, no Blog Nº 8 – PRESIDENTE DONALD TRUMP NÃO ENGANOU O MUNDO: ESTADOS UNIDOS EM PRIMEIRO LUGAR
Nota: O Blog, também, está nas minhas páginas, nos seguintes links:
https://www.youtube.com/@leonidesfilhofatosecomenta889
https://www.instagram.com/leonidesalvesdasilva/ e https://web.facebook.com/share/p/1Y2KtDWdbH/
Os Comentários ou Questionamentos poderão ser feitos para o endereço: leoni@hotlink.com.br






Maravilhoso o texto Professor Leonides!
Parabéns mas não podia ser diferente sendo elaborado pelo senhor, com muito conhecimento e com facilidade para transmitir o conhecimento de forma facil e clara aos seguidores!
Seria interessante um podcast a respeito da situação do país com gastos absurdos e que ninguém consegue parar e com previsão de colapso ja em 2026! Abraço Fábio Brêtas, seu fã!